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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pão de Açúcar cai 5% sem Casas Bahia


Valor Econômico - 14/04/2010 .
Daniele Camba


Uma das maiores fusões do varejo - entre o Pão de Açúcar e a Casas Bahia - parece ter feito água, pelo menos por enquanto, após a família Klein querer rever alguns pontos do negócio. As ações do Pão de Açúcar acusaram o golpe. As preferenciais (PN, sem voto) caíram 4,97%, a maior queda do Ibovespa, que fechou em alta de 0,25%, aos 70.792 pontos.


O fato relevante divulgado ontem pelo Pão de Açúcar deixa claro como as duas famílias (os Klein e os Diniz) estão pensando de forma totalmente diferente, o que mostra que a briga deve ser boa. Num comunicado bastante sucinto, principalmente em se tratando de um negócio complexo, com muitos destaques, as administrações do Pão de Açúcar e da Globex afirmam que "consideram que o Acordo de Associação celebrado é válido e perfeitamente eficaz, tendo se manifestado no sentido de continuar em discussões com vistas a um entendimento de forma a assegurar a implementação da Associação." Para os analistas, em outras palavras, o Pão de Açúcar disse que não vê problemas nos termos da operação, portanto, não está aberto a rediscuti-los.

Do outro lado está a família Klein, que se mostra irredutível em voltar a discutir alguns detalhes do negócio. A insatisfação por parte deles seria tamanha que, comenta-se no mercado, antes de concordarem em voltar a discutir com os Diniz, eles tinham a intenção de romper o acordo de uma vez por todas.

Em relatórios divulgados ontem, os analistas mostraram a preocupação caso o negócio não se realize. A analista da Ativa Corretora Juliana Campos disse que uma possível alteração do acordo a favor dos Klein ou até o cancelamento seriam negativos ao Pão de Açúcar.

Pelas suas contas, o fracasso do negócio reduziria o preço-alvo para as ações do Pão de Açúcar de R$ 83,45 em dezembro de 2010 para R$ 69,19, ou seja, diminuindo o potencial de alta ante o fechamento de ontem, aos R$ 59,15, de 41,08% para 16,97%, um tombo e tanto. Com essas incertezas, a analista prefere trabalhar com a possibilidade do negócio não sair, reduzindo a recomendação para as preferenciais séria A do Pão de Açúcar de compra para neutra. Enquanto não surgem novas informações, a corretora também preferiu retirar os papéis da companhia de sua carteira recomendada.

Na dúvida de como será o desfecho da briga, muito investidor também preferiu ser o mais conservador possível e trabalhar com a hipótese de fracasso da fusão. Prova disso é que as ações do Pão de Açúcar caíram bastante e com um bom volume. Elas negociaram R$ 216,5 milhões, atrás apenas das PN da Petrobras, da Vale e das ordinárias (ON, com voto) da OGX. Um gestor de fundos que prefere não se identificar afirma que vendeu ontem mesmo toda a posição que suas carteiras tinham no papel. O superintendente de renda variável da SulAmérica Investimentos, Ricardo Maeji, afirma que, apesar da parte operacional do Pão de Açúcar estar bem, ela acaba sendo ofuscada pelo impasse na operação. "Um negócio que antes dependia apenas da aprovação do Cade agora depende de um acordo entre as partes, o risco aumentou muito", diz ele.

No início da tarde de ontem, a OSX convocou investidores e acionistas para uma teleconferência que discutiria as licenças ambientais para seus projetos, segundo apurou a repórter Ana Paula Ragazzi. No entanto, menos do que discussões sobre a mais nova empresa do grupo X listada na Bovespa, a tele serviu mais para atiçar a curiosidade sobre as outras companhias, depois de o empresário Eike Batista afirmar que faria um anúncio importante para o grupo na manhã de hoje. Investidores logo associaram a informação à visita ao Brasil do presidente da China, Hu Jintao, e ficaram à espera de algum novo negócio entre Eike e os chineses. A MMX já tem como sócia a chinesa Wuhan. As ON da MMX subiram ontem 4,66%.

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